Alimentos industrializados no prato
Embora
cada dia mais se fale da importância da prevenção e busca por qualidade da
vida, as frutas, legumes e verduras, grandes aliados na batalha contra tantos
males, estão perdendo espaço para os alimentos industrializados nos pratos dos
brasileiros.
O
trabalho, publicado na revista científica “Journal of Human Growth and
Development”, revisou 23 pesquisas feitas no Brasil sobre o tema entre 2005 e
2015. O resultado mostra que só 12,5% dos adolescentes consomem uma porção de
fruta, legume ou verdura por dia, quando o ideal, segundo a OMS (Organização
Mundial da Saúde), seriam cinco porções (ou 400 gramas).
Segundo
a endocrinologista Alessandra Rascovski, da Sociedade Brasileira de
Endocrinologia e Metabologia, os dados são preocupantes uma vez que ter alimentação balanceada é importante para a manutenção de um
corpo saudável e livre de doenças graves. “Uma
alimentação rica em frutas, legumes e verduras está associada ao menor risco de
desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis (hipertensão, acidente
vascular cerebral, câncer) e a manutenção do peso adequado. Esses alimentos
também são protetores do organismo contra as doenças pulmonares crônicas e
obstrutivas, incluindo a asma e a bronquite”.
Em
2011, uma pesquisa do IBGE já havia apontado que 90% da população brasileira
não consumia os 400 gramas diários de frutas, legumes e verduras preconizados
pela OMS.
A
troca de alimentos saudáveis por alimentos pobres em valor nutricional, cheios
de gordura e de outros elementos que fazem mal à saúde, como o sal e o açúcar,
ocorre porque são mais baratos e ao alcance de qualquer pessoa, sem contar o
grande apelo nos meios de comunicação, principalmente para as crianças. Mas
isso traz consequências graves. “Não é a toa que hoje a principal causa de mortalidade
é a má alimentação, pois ela é responsável pela epidemia de obesidade, por
problemas cardíacos e por cerca de 40% dos tipos de cânceres existentes”,
explica a médica.
Entre
os idosos o consumo de alimentos saudáveis é um pouco melhor. Em algumas capitais,
como Belo Horizonte e Florianópolis, até 40% deles têm um consumo adequado de
frutas, verduras e legumes. Além desse grupo, mulheres e pessoas de melhor
nível socioeconômico são as que mais comem alimentos saudáveis. No entanto,
considerando todas as faixas etárias, os resultados da pesquisa não são bons.
Um
fato curioso é que o estudo identificou que até 80% das pessoas estavam
equivocadas sobre o seu próprio consumo de frutas e legumes, acreditando que
estavam ingerindo em quantidade ideal de alimentos saudáveis.
“É importante tirar as frutas, legumes e verduras do papel de
lanches ocasionais e elevá-los a protagonistas das refeições. Devemos ressaltar
também que o Ministério da Saúde incentiva o consumo desses grupos de alimentos
em suas formas naturais, excluindo assim os produtos com alta concentração de
açúcar, como as geleias de frutas, as bebidas com sabor de frutas e os vegetais
em conserva”, finaliza a especialista.
Sobre
dra. Alessandra Rascovski:
Formação
Médica e Doutorado em endocrinologia pela Faculdade de Medicina da USP; Médica
fundadora do Ambulatório Clínico de Obesidade mórbida do Hospital das Clínicas
de medicina da USP; Membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e
Metabologia (SBEM) e da Associação Brasileira de Estudos sobre Obesidade
(ABESO); Especialista certificada em medicina mente-corpo e gerenciamento do
Stress pela Harvard Medical School - Mind Body Institute e pela “International
Stress Management Association no Brasil”. Vencedora do Prêmio Análise Medicina
“Endocrinologia e Metabologia” em 2008/2009/2012/2013. Atual diretora da
Equare, em São Paulo, centro especializado em estilo de vida com foco em
medicina integrativa e atendimento multidisciplinar.
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