31/5 Dia Mundial sem Tabaco
31 de maio é celebrado, desde 1987, o Dia Mundial sem Tabaco, criado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) a fim de alertar sobre as doenças e mortes evitáveis causadas pelo tabagismo. Para este ano, a OMS faz o apelo para que os países padronizem as embalagens de cigarro a fim de reduzir a atratividade ao produto, pois, segundo o órgão, o tabagismo é uma doença psiquiátrica crônica e transmissível, pela publicidade.
O psiquiatra Daniel
Sócrates, da capital paulista, lembra que, de todas as drogas, o cigarro é o que
causa a maior e a mais rápida dependência, tanto física quanto psicológica.
“O organismo do
fumante se acostuma a receber uma certa dose de nicotina e, quando ele deixa de
fumar, o corpo sente falta e precisa se adaptar à ausência da substância. Daí a
pessoa tem sintomas físicos de abstinência, como dores de cabeça, dores de
barriga, tremores etc.”, conta, “no âmbito emocional, o cigarro age como um
‘amortecedor’ para as emoções. O fumante consome mais cigarros quando se sente
sozinho, triste, bravo, preocupado e até mesmo feliz”, alerta o psiquiatra.
Há ainda a
dependência comportamental, quando o fumante associa o ato de fumar a algum
hábito como antes de dormir, antes de ir ao banheiro etc. e não consegue fazer
essas ações sem o cigarro.
“Sabemos que 80,5%
dos fumantes querem parar de fumar. Para que isso ocorra, é preciso saber qual
o seu tipo de dependência e é preciso orientação médica para conseguir ter
sucesso na interrupção do hábito, que pode causar distúrbios psiquiátricos, que
tratamos com medicamentos para reduzir a ansiedade e a irritação”, conta Dr.
Daniel Sócrates.
A falta de nicotina
provoca sintomas como insônia, inquietude, ansiedade, depressão, redução da
atenção e da concentração, aumento do apetite, fissura etc. “Com medicamentos
específicos, a chance de conseguir manter-se abstinente do cigarro aumenta em
até 10 vezes”, conta o psiquiatra, que diz que, para os fumantes emocionais,
ainda é preciso associar ao tratamento a terapia, para entender a causa do
vício e como lidar com as emoções sem a “bengala” do cigarro.
Veja alguns dados
alarmantes:
DADOS EPIDEMIOLÓGICOS SOBRE O TABAGISMO
· O tabagismo é hoje a principal causa de morte evitável em todo mundo
· 1/3 da população mundial adulta fuma. Destes 1,25 bilhões de pessoas, 30
milhões estão no Brasil
·
5 milhões de pessoas morrem a cada ano devido a doenças causadas diretamente
pelos derivados do tabaco
· Cerca de 100 milhões de indivíduos morreram durante o século XX em virtude da
dependência de nicotina
· Calcula-se 1 bilhão de mortes do século XXIO tabagismo é considerado uma doença pediátrica – 80 a 90% dos indivíduos
começam a fumar na infância/adolescência.
A medicina já identificou cerca de 80 doenças relacionadas ao cigarro.
Segundo a OMS, o tabagismo sozinho mata mais que Aids, cocaína, heroína,
álcool, suicídio, incêndio e acidentes de trânsito em conjunto.
De cada dois fumantes, um morre por doença causada por cigarro.
Segundo cálculos da OMS, as pessoas que fumam a vida toda perdem, em média, 22
anos de vida.
Com nenhuma outra droga, o usuário consegue tantas doses por dia. De
calcularmos que o sujeito fuma 1 maço/dia (20 cigarros) e dá, em média, 15
tragadas por cigarro, são 300 doses de nicotina/dia.
TABAGISMO E O SEXO FEMININO
A mulher fumante tem um risco maior de infertilidade,
câncer de colo de útero, menopausa precoce (em média 2 anos antes) e
dismenorréia (sangramento irregular).
·
O risco de infarto do miocárdio, embolia pulmonar e tromboflebite em mulheres
jovens que usam anticoncepcionais orais e fumam chega a ser dez vezes maior que
o das que não fumam e usam este método de controle da natalidade. Calcula-se
que o tabagismo seja responsável por 40% dos óbitos nas mulheres com menos de
65 anos e por 10% das mortes por doença coronariana nas mulheres com mais de 65
anos de idade.
·
Entre as mulheres que convivem com fumantes, principalmente seus maridos, há um
risco 30% maior de desenvolver câncer de pulmão em relação àquelas cujos
maridos não fumam.
TABAGISMO E GRAVIDEZ
Fumar durante a gravidez provoca aborto espontâneo,
nascimento prematuro, morte fetal e de recém-nascido, complicação com a placenta
e episódios de hemorragia mais freqüentes.
·
A gestante que fuma apresenta mais complicações durante o parto e tem o dobro
de chances de ter um bebê de menor peso e menor comprimento, em comparação à
gestante que não fuma.
· Um único cigarro fumado por uma gestante é capaz de acelerar, em poucos
minutos, os batimentos cardíacos do feto.
· Os riscos para a gravidez, para o parto e para a criança não decorrem somente
do hábito de fumar da mãe. Quando a gestante é obrigada a viver em ambiente
poluído pela fumaça do cigarro ela absorve as substâncias tóxicas da fumaça,
que pelo sangue passa para o feto. Quando a mãe fuma durante a amamentação, a
nicotina passa pelo leite e é absorvida pela criança.
§ 17% das grávidas fumam.
· No leite materno existe três vezes mais nicotina que no sangue da mãe que fuma.
TRATAMENTO
§ O fumante médio tenta parar de
fumar de 5 a 9 vezes durante a vida.
§ O fumante que tenta parar de fumar
sozinho tem de 2% a 5% de chances de sucesso.
§ A interrupção do tabagismo provoca
síndrome de abstinência, ganho de peso e distúrbios psiquiátricos, sendo que o
medicamento pode diminuir todos esses efeitos.
§ A abstinência de nicotina provoca:
insônia, inquietude, ansiedade, irritabilidade e agressividade, depressão do
humor, diminuição da concentração e da atenção, aumento do apetite, diminuição
da frequência cardíaca, hipotensão, vasodilatação periférica e fissura.
BENEFÍCIOS INTERRUPÇÃO DO TABAGISMO
§ 20 minutos: a pressão e a pulsação
voltam ao normal.
§ 8 horas: o nível de oxigênio no
sangue se normaliza.
§ 24 horas: as chances de um ataque
cardíaco diminuem.
§ 48 horas: a capacidade de sentir
cheiro e sabor melhoram.
§ 2 semanas a 3 meses: a circulação
melhora, fica mais fácil caminhar e a função pulmonar aumenta;
§ 1 a 9 meses: diminui a tosse, a
congestão nasal, o cansaço, a falta de fôlego.
§ 1 ano: a chance de ter um ataque do
coração está reduzida à metade.
§ 5 a 15 anos: o risco de derrame e
de enfarto reduz ao nível das pessoas que nunca fumaram.
§ FUMO PASSIVO
• A fumaça que sai da ponta do cigarro contém 3 vezes mais nicotina, 3 vezes mais
monóxido de carbono e 50 vezes mais substâncias cancerígenas.
• O risco de desenvolver Câncer de Pulmão, para um fumante passivo, é três vezes
maior do que para os que não estejam expostos à fumaça alheia !
• O fumo passivo é a maior causa de doença respiratória em crianças.
• De acordo com a OMS, metade das crianças do mundo é fumante passiva
• Em esposa não fumante de marido fumante:
- Risco de acidente coronário aumenta 25%
- Risco de câncer do pulmão aumenta 26%
FONTE: Dr. Daniel Sócrates
Graduado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU -
Uberlândia/MG) em 2005, residência médica em psiquiatria pela Fundação
Hospitalar de Minas Gerais (FHEMIG - Belo Horizonte/MG) em 2007, especialista
em Dependência Química pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP - São
Paulo/SP) em 2008, doutor em Psiquiatria pela Universidade Federal de São Paulo
(UNIFESP - São Paulo/SP) e Membro da Câmara Técnica de Psiquiatria do Conselho
Regional de Medicina (CREMESP - São Paulo/SP). www.drdanielsocrates.com.br
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