Artrose é uma das principais doenças da terceira idade
A população mundial está envelhecendo. De acordo com a ONU (Organização das Nações Unidades), até 2050, a quantidade de idosos vai duplicar no mundo. No Brasil, a expectativa é que o número de pessoas com mais de 60 anos aumente mais do que a média mundial, passando dos atuais 12,5% para 30%, até a metade do século. Entre as consequências do envelhecimento da população, está o aumento de doenças degenerativas do corpo, como a artrose (osteoartrose).
Segundo
a Organização Mundial de Saúde, OMS, 9,6% dos homens e 18% das mulheres com
idade superior a 60 anos sofrem com o problema. Cerca de 80% das pessoas com
osteoartrose têm limitações de movimento e 25% não podem executar as principais
atividades da vida diária, como abrir uma caixa de alimento, dirigir, caminhar,
subir escadas, levantar e segurar objetos.
“Isso
acontece porque as extremidades dos ossos do corpo são cobertas por uma
superfície lisa, chamada cartilagem, que atua como uma espécie de almofada para
as articulações, permitindo que os movimentos sejam realizados sem impacto.
Quando a pessoa desenvolve artrose, a cartilagem é lesada, causando problemas
de movimento, inflamação da articulação e deformação. Qualquer articulação do
corpo pode ser prejudicada, mas as mais comuns são as dos dedos, joelhos,
quadris, coluna lombar e cervical”, explica o ortopedista da Rede de Hospitais
São Camilo de São Paulo, Marco Aurélio Neves.
Os
sintomas podem variar de acordo com a articulação afetada e grau da lesão. “Os
principais são dor e rigidez, especialmente no período da manhã ou ao descansar depois de um dia de atividades. As
articulações podem ficar inchadas, especialmente após atividade
prolongada. Se o problema for no quadril, a dor será sentida na região da
virilha ou nas nádegas e, às vezes, no interior do joelho ou na coxa. Caso seja
nos joelhos, a pessoa terá a sensação de ‘ranger’, quando se movimentar. Nos
dedos, há crescimento ósseo (nódulos) na borda das articulações, o que pode
deixá-los inchados, deformados e vermelhos e gerar dor na base do polegar. Nos
pés, dor e sensibilidade são sentidas na base do dedão e pode haver inchaço nos
tornozelos ou pés”, esclarece o especialista.
O
diagnóstico da artrose é realizado durante consulta médica, a partir do
histórico do paciente e exame físico. “Alguns outros testes podem contribuir
com a diagnóstico, como raio-X, que mostra danos e outras alterações
relacionadas à osteoartrose, ressonância
magnética, que proporciona melhores imagens de cartilagem e outras estruturas
para detectar precocemente anormalidades típicas da doença, e aspiração
articular, análise de fluído retirado da articulação com uma agulha, sob
anestesia local, para encontrar evidências de cristais ou deterioração das
articulações”, detalha Neves.
A
artrose é uma doença crônica, sem cura. Os tratamentos estão disponíveis para
controlar os sintomas. “Os principais são pílulas, xaropes, cremes ou loções,
além de injeções nas articulações, com analgésicos, anti-inflamatórios e
corticoides. A fisioterapia e a terapia ocupacional também são indicadas.
Dispositivos de apoio podem ajudar com a função e mobilidade, como muletas,
bengalas, andadores, talas, calçados ou ferramentas úteis, como abridores de
frasco ou calçadeiras de cabo longo. Em casos mais avançados da doença, a
cirurgia pode reparar ou substituir articulações severamente danificadas,
especialmente nos quadris ou joelhos”, revela o ortopedista.
“Por
muito tempo, a osteoartrose foi creditada exclusivamente ao ‘desgaste’ das
articulações ao longo dos anos, porém, atualmente, os cientistas a veem como
uma doença da articulação influenciada por múltiplos fatores, como genes,
sobrepeso, lesões e uso excessivo das articulações, problemas ósseos e
distúrbios da articulação, como a artrite reumatoide. Por isso, para prevenir a
doença, é preciso praticar atividade física, controlar o peso e estimular a mobilidade, realizando alongamento das
articulações”, recomenda.
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Marco Aurélio Neves é ortopedista da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo
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