Fome “emocional” na dieta: o papel que alguns alimentos desempenham em nossas vidas
Segundo especialista, hormônios, hábitos familiares, culturais e psicológicos tem um
grande peso no plano geral de alimentação
Uma
coisa é fato. A relação da maioria das pessoas com os alimentos está bem longe
de ser apenas uma necessidade física. Desde pequenos, somos apresentados à
comida como parte de um jogo de recompensas para situações boas ou ruins. E a
partir daí, é natural que determinados alimentos ganhem um papel de destaque na
nossa memória afetiva e, na vida adulta, se tornam os vilões e gatilhos para as
famosas escapadinhas das dietas.
Segundo
o endocrinologista e nutrólogo Joffre Nogueira Filho, especialista em
obesidade, há várias razões pelas quais alguns
alimentos são irresistíveis e o porquê de sairmos da dieta sempre nas mesmas
guloseimas e uma delas é o significado psicológico que damos às coisas. “Se
você comia bombocado na casa da sua avó quando tinha 4 anos (você certamente
não irá recordar, uma vez que nossa memória é falha até os 7 anos), esse doce
terá sabor de casa, aconchego, colo e carinho de avó por toda a vida. Portanto,
quando a vida estiver ruim e difícil, às vezes você precisará daquele chamego e
colo de vó, então, acaba recorrendo inconscientemente ao bombocado”.
O fato é que a fome emocional ou vontade de comer não tem
nada a ver com força de vontade ou determinação. “Há diversos hormônios
implicados nesse processo. Um deles é a grelina, produzido no estômago e que
nos faz sentir mais fome e, principalmente, mais gula. E o outro é a dopamina,
hormônio cerebral que dá a sensação de prazer”, explicou o especialista.
Mas então, como conseguir evitar ingerir compulsivamente
esses alimentos e se ver longe de um ataque de fome “emocional” no meio de uma
dieta? Para o médico, nunca será possível fazer com que
o paciente deixe de gostar, por exemplo, de chocolate, mas é possível fazer com
que goste também de outros doces menos engordativos e “dilua” as fugidinhas das
dietas em outros tipos alimentos. “A ideia é inserir alimentos semelhantes,
porém com menos calorias, e ir acostumando gradativamente o paladar do
paciente. Com o tempo ele irá aprender a gostar e, dessa forma, vai facilitar a
manutenção da dieta”.
Outra solução é um tratamento menos restritivo e no formato
de compensações. O paciente pode burlar a dieta e comer aquele alimento
irresistível, porém, terá de compensar as calorias em outros alimentos menos
importantes para ele.
“A verdade é que, à medida que o peso vai baixando, se faz necessário mais e mais concessões dentro da dieta, pois a vontade de emagrecer inicial já diminuiu. Se conseguirmos manter o paciente neste esquema de compensação ele se sente comprometido e ainda dentro do jogo, apesar de ter cometidos grandes pecados alimentares. Quanto mais tempo na dieta, mais liberado o paciente fica para os alimentos que mais gosta. Desta forma, o regime passa a ser cada vez mais fácil e esta é uma necessidade para compensar a menor força de vontade por já ter atingido, mesmo que parcialmente, os objetivos pretendidos”, finaliza o especialista.
Dentro dessa proposta de tratamento, veja os benefícios:
1) A dieta é muito mais fácil, você pode comer o que não consegue ficar sem comer;
2) Aprende-se a compensar as saídas;
3) Acaba com a culpa;
4) Volta à dieta mais rapidamente;
5) Não abandona o tratamento por algumas saídas;
6) Descobre que a vida é assim- não é o fato de ter saído da
dieta que te condena a não ser magra. Basta pagar um preço e voltar (continuar)
na dieta.
Dr.
Joffre Nogueira Filho,
clinico geral, é mestre em Ciências da Saúde e especialista em endocrinologia,
metabologia e nutrologia e procedimentos em estética médica. Pós-graduado em
Distúrbios Metabólicos, Risco Cardiovascular e Diabetes, responde também como
membro efetivo da Sociedade Brasileira de Endocrinologia. Co autor do livro
“Dislipidemia da Teoria a Prática”, há 40 anos está a frente da clínica que
leva o seu nome, em São Paulo. Para saber mais, visite: http://www.drjoffre.com.br/
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