Você sabia disso?
Composição de alimentos industrializados no
Brasil é mais danosa que similares europeus
Ao comparar a tabela nutricional de 12 produtos alimentícios
fabricados no Brasil e na Europa, a PROTESTE Associação de consumidores
constatou que aqui, eles têm muito mais gorduras, açúcar e aditivos
desnecessários e de segurança questionável. As comparações foram feitas entre
produtos comuns em cinco países (Bélgica, Brasil, Espanha, Itália e
Portugal).
Para acabar com a diferença nutricional entre os alimentos
brasileiros e de outros países, e com o uso de aditivos potencialmente
perigosos à saúde, a PROTESTE está lançando um abaixo-assinado online que
será encaminhado à Agencia Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Para
participar, acesse: www.proteste.org.br/sua-saude-em-risco.
"Por que há diferenças no perfil nutricional dos produtos
brasileiros em relação aos europeus? Nossa saúde vale menos do que a
deles?", questiona Maria Inês Dolci, coordenadora institucional da
PROTESTE.
A receita brasileira do Activia morango integral, por
exemplo, tem mais que o dobro da quantidade de aditivos das versões
europeias. E o Danoninho produzido aqui não informa a quantidade de
polpa de fruta, como ocorre em países da Europa.
A maionese Hellmann's daqui é a única com dois aditivos
usados como antioxidantes que ainda têm sua segurança discutida. São usados
para prevenir a decomposição de óleos e gordura: o butil hidroxianisol
(BHA) e o butil hidroxitolueno (BHT). Além disso, nossa versão dessa
maionese é a que tem a maior quantidade de ingredientes: 17, contra nove das
versões belga e italiana.
O Ovomaltine do Brasil só tem 25% de extrato de cevada e
malte. E o açúcar é o principal ingrediente. O Doritos tem alta
quantidade de ingredientes e aditivos alimentares quando, na teoria, deveria
ser feito de milho e queijo.
As receitas do cream cheese Philadelphia de
todos os países são parecidas. No Brasil, a quantidade de queijo não é
informada
A versão do Energético Burn no Brasil tem os corantes
tartrazina e amarelo crepúsculo, que são potencialmente alergênicos.
Em todos os países, o caldo de galinha tem glutamato
monossódico, mas a versão brasileira tem quatro vezes mais gordura que a
italiana.
Todos os países usam corantes artificiais no chocolate
M&M's, mas o Brasil tem outros cinco com potencial alergênico.
A Batata Pringles brasileira é a única que utiliza
matéria prima transgênica (óleo de algodão).
O Corn Flakes brasileiro não tem fibras alimentares. E,
por aqui, o açúcar é o segundo ingrediente em maior quantidade.
O sorvete Häagen-Dazs do Brasil é o que tem mais
ingredientes e tem menos chocolate do que a versão europeia. Enquanto na
Europa tem 22% de chocolate, no Brasil conta com apenas 14%.
As análises comparativas do perfil nutricional foram baseadas na
leitura dos rótulos dos 12 produtos. Foram considerados: número de
ingredientes e de aditivos, gorduras total, trans e saturada, fibra alimentar
e sal. A maioria dos alimentos fabricados pelas multinacionais selecionados
para o estudo tem baixo valor nutricional, são hipercalóricos e hiperpalatáveis,
ou seja, pensados para serem os mais saborosos possíveis.
No mundo, apenas dez multinacionais controlam a produção e o
comércio de alimentos. Talvez por isso, com base nas legislações locais e nos
hábitos de consumo dos habitantes, esses fabricantes ajustam suas receitas em
cada país. "No Brasil falta uma legislação forte, capaz de proibir o
uso de aditivos, bem como o excesso de sal, açúcar e gordura na produção de
alimentos", destaca Maria Inês Dolci, coordenadora institucional da
PROTESTE.
A PROTESTE enviou o resultado do estudo à Associação Brasileira
das Indústrias da Alimentação (Abia), questionando o porquê dessa diferença
nutricional, sobretudo no que se refere aos aditivos alimentares
potencialmente perigosos à saúde e aos teores de gorduras, sal e fibra
alimentar.
Por mais que os produtos ultraprocessados devam ser exceções em
nossa alimentação, ainda assim, quem quiser consumir tem todo o direito de
ingerir a versão disponível menos nociva à saúde.
Os alimentos ultraprocessados, como bolachas recheadas e
salgadinhos, passam por várias etapas de produção. Os processados acrescentam
água e sal aos alimentos in natura, como uma conserva. Os minimamente
processados incluem alguns grãos, legumes e leite, por exemplo. E os in
natura são os que saem da plantação direto para sua casa e, em geral, se
decompõem rapidamente.
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