Gengiva requer tantos cuidados quanto os dentes
Responsável por revestir ossos que sustentam os dentes, a gengiva pode afetar a aparência e influenciar na saúde geral do corpo
Ao contrário do
que muita gente pensa, a saúde bucal não está ligada somente ao cuidado com os
dentes, mas também com a gengiva, revestimento dos ossos que sustentam os
dentes. As chamadas periodontopatias, doenças ligadas à gengiva, afetam tanto
na aparência e auto-estima, como na saúde geral do corpo. As infecções, o mau
hálito e, em casos mais graves, a perda de dentes, podem ser alguns dos
problemas causados pela falta de cuidados com a gengiva.
“Os principais
problemas gengivais são a gengivite e a doença periodontal, sendo a segunda,
uma doença mais grave, que requer mais cuidados”, afirma Dr. Paulo Coelho
Andrade, mestre especialista em implantodontia e odontologia estética. A
gengivite é sinalizada pela inflamação gengival, e sangramento, mau hálito e
gengivas inchadas e avermelhadas. Já a doença periodontal é caracterizada,
também por mau hálito e inflamação persistente da gengiva, mas também pela
perda óssea, presença de bolsas periodontais e pus.
Uma das
principais causas das periodontopatias e até das cáries é a chamada placa
bacteriana, uma película transparente que se forma sob os dentes e ao redor das
gengivas. Ela é composta por bactérias que decompõem restos de alimentos
acumulados, o que produz ácidos que acometem dentes e gengiva. Com o tempo, esta
placa pode se mineralizar, formando o tártaro. Juntos, ambos destroem as fibras
gengivais e, se não tratados, podem comprometer até mesmo a estrutura óssea,
levando à perda de dentes.
Segundo pesquisa
realizada em 2010 pelo Ministério da Saúde, os problemas gengivais tendem a
aumentar com a idade. O percentual de indivíduos sem nenhum problema
periodontal foi de 68% para a idade de 12 anos, 51% para a faixa de 15 a 19
anos, 17% para os adultos de 35 a 44 anos e somente 1,8 nos idosos de 65 a 74
anos. A gengivite e o tártaro são mais comuns entre adolescentes. Já a doença
periodontal aparece de modo mais significativo em adultos.
De acordo com o
especialista, a gengiva deve ter um aspecto opaco e poroso, semelhante à casca
de laranja. “Gengivas inchadas, lisas e brilhantes caracterizam
periodontopatias”. Em ambas enfermidades pode não haver dor, o que dificulta a
percepção da destruição que está ocorrendo. O indivíduo somente começa a
perceber a doença periodontal quando a gengiva sangra ou há mobilidade de algum
dente. “É importante frisar que a nicotina inibe o sangramento gengival e,
devido a isto, fumantes devem tomar um cuidado maior”.
O tratamento
para a gengivite consiste em eliminar as causas e reverter os sintomas para que
a inflamação não se converta em algo mais grave. Boas práticas de higiene bucal
e limpezas periódicas ajudam a sanar o problema. Já o tratamento para o doença
periodontal varia de acordo com a gravidade da infecção, podendo incluir
raspagem e escovação da raiz ou até extração de dentes e inserção de implantes.
É o caso do
engenheiro mecânico, Moisés Gomes, que, aos 58 anos, após perda de alguns
dentes por consequência da doença periodontal, optou pela extração dos demais e
inserção de implantes. “Vim de uma geração onde não haviam tantos cuidados com
os dentes como atualmente. Depois de perda de dentes, restaurações, pontes,
entre outros, optei pela prótese protocolo. O resultado é surpreendente. Houve
melhora na fala, mastigação, halitose, estética e até no sono”.
Vale lembrar também,
que a doença periodontal é um dos fatores causadores de doenças sistêmicas mais
graves como: doenças coronárias (a doença periodontal deixa o indivíduo duas
vezes mais susceptível às doenças cardíacas) osteoporose, diabetes, doenças
respiratórias e nascimento de bebês prematuros e com baixo peso. O ideal é
manter a boca saudável através do cuidado diário (escovação e uso do fio
dental) e fazer visitas periódicas ao dentista (mínimo de 6 em 6 meses). Os
problemas bucais podem ter carga genética e, nestes casos, os cuidados devem
ser redobrados.
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