Tudo o que você queria saber Ginecomastia
A adolescência é o
período em que a ginecomastia geralmente tem os efeitos mais profundos sobre o
desenvolvimento sócio-emocional e sobre o bem-estar psicológico. A natureza
castradora da condição pode deixar alguns jovens com dúvidas sobre sua
masculinidade e com baixa autoestima
A ginecomastia é a condição caracterizada
por mamas masculinas demasiadamente
desenvolvidas ou grandes. Existem várias razões para o aparecimento da
condição. Algumas delas são congênitas e algumas são frutos do estilo de vida.
“Uma das causas mais comuns para o
surgimento da ginecomastia está relacionada com o sistema endócrino e com o
excesso de hormônios femininos. A ginecomastia também pode ocorrer
simultaneamente com tumores testiculares e com a síndrome de Klinefelter (quando uma pessoa do sexo masculino apresenta um
cromossomo X a mais)”, afirma o cirurgião plástico Ruben Penteado,
diretor do Centro de Medicina Integrada .
O uso de esteroides também pode contribuir
para o surgimento da ginecomastia, pois essas drogas criam um afluxo de
testosterona e o corpo reage produzindo estrogênio, que, consequentemente,
resulta em mamas mais femininas. A relação com o consumo de esteroides explica
porque a ginecomastia é mais prevalente em fisiculturistas. “Segundo um estudo, publicado no Plastic
and Reconstructive Surgery®, jornal da Sociedade Americana de Cirurgiões
Plásticos (ASPS), a cirurgia de ginecomastia em fisiculturistas exige uma
abordagem diferente. Em contraste com outros grupos de pacientes de
ginecomastia, que tendem a estar acima do peso ou obesos, fisiculturistas
geralmente não precisam de remoção do excesso de gordura ou pele. No entanto,
eles precisam de atenção especial para evitar sangramento e cicatrizes. O risco
de sangramento é maior por causa do aumento do fluxo sanguíneo nos músculos do
peito altamente desenvolvidos.
Há também vários medicamentos que estão
fortemente correlacionados com a incidência de ginecomastia, como o Propecia
(indicado para alopecia) e o Lanoxin (indicado para insuficiência cardíaca).
“Homens com elevado nível de testosterona
também são suscetíveis a desenvolver a ginecomastia, mas nem todos com
desequilíbrio hormonal desenvolvem o distúrbio. Em alguns casos, quando a
ginecomastia está presente, existe a necessidade de uma avaliação
endocrinológica para descartar quaisquer outras desordens hormonais”, observa o
médico, que é membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.
Há três etapas da vida em que a
ginecomastia é mais prevalente. A primeira fase é durante a infância, o que
poderia ser devido, em parte, ao aumento da prolactina, sendo a doença mais
pronunciada em lactentes. “A segunda fase é a adolescência, que é quando 30-60%
de todos os casos de ginecomastia se desenvolvem. Daqueles que desenvolvem o
distúrbio na adolescência, 80% têm a regressão da doença antes da idade de 18
anos. Os casos em que a doença não regride normalmente são aqueles que são mais
graves. A adolescência é também quando a ginecomastia geralmente tem os efeitos
mais profundos sobre o desenvolvimento sócio-emocional e sobre o bem-estar
psicológico. A natureza castradora da condição pode deixar alguns jovens com
dúvidas sobre sua masculinidade e com baixa autoestima”, diz o cirurgião
plástico. A terceira fase da vida em que a ginecomastia é mais prevalente é
durante a velhice, quando os homens experimentam a diminuição dos níveis de
testosterona e a perda de elasticidade da pele.
Cirurgia plástica para tratar o
problema
Algumas farmacêuticas também produzem
medicamentos para combater a ginecomastia, como o Gynexin. “Os pacientes que
optam por essa alternativa terapêutica acabam descobrindo que os resultados
desta medicação são inconsistentes e ineficazes”, diz o médico.
Aqueles que consideram a correção cirúrgica
da ginecomastia devem estar cientes de que existem dois tipos dominantes do
distúrbio: a verdadeira ginecomastia e a pseudoginecomastia. “A maioria dos
casos é uma mistura de ambos os tipos. A verdadeira ginecomastia é geralmente
caracterizada pelo tecido glandular alargado, enquanto a pseudoginecomastia é
tipicamente descrita como um excesso de tecido adiposo. A ginecomastia
verdadeira é tratada com excisão da glândula, enquanto a pseudoginecomastia
requer a lipoaspiração”, explica Ruben Penteado.
A excisão é o tratamento mais confiável e
proporciona resultados mais consistentes. De acordo com a literatura médica, há
cerca de 10-35% de recidiva, quando se utiliza apenas a lipoaspiração. Com a
excisão única, há cerca de 10% de recorrência. Como a maioria dos casos de
ginecomastia é uma mistura de ambos os tipos, a maioria dos cirurgiões
plásticos emprega ambas as técnicas. “O local mais comum para a excisão é o
pólo inferior da aréola e as excisões geralmente não são maiores do que 1
"e 1 ¾" no máximo. Os cirurgiões plásticos necessitam avaliar
quanto de tecido e de gordura podem remover, caso a caso, pois muito pouco pode
resultar em uma recorrência, e muito remoção glandular ou demasiado
adelgaçamento da aréola poderia resultar numa depressão na pele”, destaca o
diretor do Centro de Medicina Integrada.
Na avaliação de Ruben Penteado,
“felizmente, devido à maior consciência da ginecomastia tanto entre a
comunidade de cirurgiões plásticos quanto entre o público leigo, mais homens
têm procurado tratamento. Devido à natureza castradora desta condição, muitos
homens acham difícil discutir o assunto, mas por causa da informação disponível
e da consciência crescente sobre essa condição, o assunto está se tornando
menos tabu. É importante que os pacientes saibam que o tratamento cirúrgico da
ginecomastia pode melhorar a estética e a qualidade de vida dos pacientes. Os
cirurgiões plásticos estão constantemente estudando e aperfeiçoando as técnicas
cirúrgicas para criar o procedimento mais eficaz e seguro possível", diz o
médico.
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