Dia do Esportista - 19 de Fevereiro
Histórias
de determinação e superação no Hospital Amaral Carvalho marcam o Dia do Esporte
Ex-paciente e colaboradora do Hospital do Câncer de Jaú acumulam vitórias e alegrias, no esporte e na vida
Para
o escritor alemão Goethe, “quem supera, vence”. Esse pensamento muito tem a ver
com Adriano Meletto (28), ex-paciente do Hospital
Amaral Carvalho (HAC), e Tábata
Bonfante (31), enfermeira do mesmo hospital. Além do fato de ambos serem
esportistas faixa preta, a superação e paixão pelo esporte são pontos em comum
entre os jovens. Acompanhe duas histórias que marcam o Dia do Esporte, comemorado
em 19 de fevereiro.
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Adriano superou o câncer e hoje se prepara
para sua próxima grande vitória, o Panamericano de 2016, na Califórnia - Fotos: Divulgação
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Luta pela vida
Aos 12 anos, o bocainense Adriano, fascinado
por artes marciais, foi convidado por seu amigo Mario Rossi, para participar de
uma aula de jiu-jitsu, em Jaú, quando descobriu o prazer pelos treinos diários
e competições. Desde o início, o menino buscava seu melhor desempenho, ouvindo
do professor que a vida é uma luta, que era preciso determinação e
comprometimento.
Com ótimo condicionamento físico e rigor na
atividade, notou um cansaço incomum durante os treinos, e que se intensificava
a cada dia. “Minha alimentação sempre foi regrada, nunca bebi, nem fumei.
Percebi que havia algo errado, e então, apareceram alguns gânglios aumentados
(inchados) no pescoço”, relata.
Ele tinha 16 anos quando recebeu o diagnóstico,
o pior adversário que conhecera: tinha Linfoma Não Hodgkin. Viu seu sonho por
títulos e a prática esportiva serem interrompidos, dando lugar à rotina de
exames e tratamento médico. “O apoio e profissionalismo das médicas do HAC,
dra. Claudia Oliveira e dra. Eda Manzo, foram muito importantes. Tenho um
carinho enorme por elas e pela equipe, que fizeram de tudo por mim. Mas também
lembro do que me motivou a lutar pela minha vida. Meu professor e amigo,
Ronaldo Chaves, dizendo para eu nunca desistir, me treinando para lutar até o
final. No tatame eu conseguia, e nessa luta, não seria diferente”, afirma
Adriano.
Ele superou a fase da doença. Apesar da
vitória, sentia que seu corpo não seria mais o mesmo. “Aos 18 anos, estava
liberado para retomar os treinos, mas decidi não voltar, pois pensava que não
aguentaria a exaustão”.
Foi aí que seu amigo, o mesmo que o
incentivou a praticar jiu-jitsu, entrou em cena novamente. “Um dia o Mario me
pediu um favor, disse que precisava que eu o ajudasse com algumas posições de
luta. Resisti um pouco, mas vesti o kimono e fui ao seu encontro. Naquele dia,
ele me fez treinar, e me deu uma ‘pisa’ no tatame, fazendo despertar minha
capacidade e a paixão pelo jiu-jitsu”, conta o rapaz.
No primeiro campeonato após o tratamento de
câncer, a medalha de ouro deu ânimo a Adriano, que hoje é mestre em jiu-jitsu e
tem uma academia com mais de 30 alunos, em Bocaina. “Um dia sem treinar já me
faz falta, me desespero”, brinca.
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Tábata, faixa preta de judô e enfermeira do Hospital Amaral Carvalho |
Luta por um ideal
A paixão de Tábata pelo esporte também
começou cedo, com o incentivo nas aulas de basquete na escola. Aos 17 anos, os
olhos da adolescente brilharam quando acompanhou pela primeira vez uma aula de
judô e viu a professora vestindo kimono e faixa preta. “Pensei, é isso que
quero fazer”, lembra.
Determinada a uma vida de disciplina
esportiva, a oportunidade do primeiro campeonato, em 2001, foi decisiva. “Me
esforcei muito, era época de vestibular, ia prestar para enfermagem, outra
paixão minha, desde pequena. Enquanto meus amigos estudavam, eu me dividia
entre as provas e os treinos. Mas deu tudo certo, passei no vestibular e ganhei
medalha”, ressalta.
Ter foco e comprometimento é requisito para
a prática do judô, de acordo com Tábata. Nos anos dedicados ao esporte, abriu
mão de várias coisas, mas também teve muitas realizações. Hoje, campeã da Copa
São Paulo 2014, a enfermeira da Unidade de Terapia Semi-Intensiva do Hospital do Câncer de Jaú traz na
bagagem quase 80 medalhas e muitas vivências. “As pessoas comentavam que, na
época da faculdade, enquanto todos deixavam algumas atividades de lado para se
dedicar aos estudos, eu estava justamente começando a praticar judô. E não me
arrependo! Tudo o que aprendi, e aprendo com o esporte, reflete no meu
cotidiano, no trabalho, com os amigos e na família”, revela.
Tábata salienta o apoio do HAC à sua carreira esportiva. “Sempre
posso conciliar minhas folgas com as datas dos campeonatos. Assim, consigo
manter minha rotina de treinos e competições. Além disso, o judô abriu muitas
portas para reconhecimento e amizades. As pessoas torcem por mim, se interessam
pela minha história e nos aproximamos. Sem contar as brincadeiras com os
pacientes, de que sou faixa preta, por isso devem tomar cuidado. Isso alegra o
ambiente”, comenta.
Preparação
Força e foco são sinônimos de superação, e
por consequência, vitória para Adriano e Tábata, e tantas outras pessoas que
entendem os benefícios da prática de esportes e estilo de vida saudável.
A disciplina, tanto no dia a dia, como no
esporte, é predominante na vida dos dois jovens. A enfermeira, que foi
vice-campeã paulista e vice na Copa São Paulo de Judô, conta que sonha em
ganhar medalha dos Jogos Abertos, pelo grau de dificuldade; se casar e ter
filhos que também pratiquem atividades físicas, de preferência, judô. E
Adriano, que tem como lema viver cada dia intensamente, já conquistou o título
sul-americano, vários paulistas e de jogos do interior de jiu-jitsu, mas
idealiza e se prepara para sua próxima grande vitória: o Panamericano de 2016,
na Califórnia.
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