Sal refinado influencia na obesidade mais do que calorias
Análise aponta que consumo de sal
branco seria mais decisivo no risco de obesidade do que a ingestão calórica
Um consumo elevado de sal refinado pode
estar diretamente relacionado ao aumento do risco de desenvolvimento de
obesidade, independentemente da ingestão de calorias. É o que sugere um estudo
realizado com 458 crianças e 785 adultos publicado no
começo do mês no periódico norte-americano Hypertension, da Associação
Americana do Coração.
Segundo o médico endocrinologista
especialista em nutrologia Mohamad Barakat, “o sal refinado é um velho vilão
para a saúde, associado ao aumento da pressão sanguínea e doenças
cardiovasculares e até renais”. Ele esclarece que, quando ingerido, o sal
branco vai direto para o sangue, onde se espalha pelo corpo e absorve a umidade
do organismo.
“Na tentativa de manter o equilíbrio e
normalizar a falta de água, nosso sistema circulatório aumenta sua pressão
arterial para tentar fazer o sangue circular mais rápido. Os vasos não estão
acostumados com essa quantidade e acabam se contraindo, o que aumenta o
trabalho do coração e leva ao desgaste do músculo”, explica.
Relação
direta
Estudos anteriores já tinham relacionado a
ingestão de sal branco à obesidade, mas sempre de forma indireta. Alguns
exemplos seriam o ciclo de consumo ocasionado pela sede proveniente de sua
ingestão, que torna mais comum o consumo de bebidas industrializadas ricas em
açúcar, ou mesmo o consumo concomitante de alimentos mais calóricos, como
comidas prontas, ricas em sal e calorias.
Dessa vez, porém, a pesquisa levou em
consideração exames de urina realizados em adultos e crianças para detectar o
mineral, cruzando os resultados com informações como sexo, idade, etnia, renda,
educação, hábitos como fumo e álcool, atividade física e consumo de calorias.
Após ajustar todos esses fatores, os cientistas perceberam que uma ingesta de
sal refinado maior está diretamente relacionada à quantidade de gordura
corporal. A ingestão de um grama a mais de sal branco por dia está associada a
um risco maior de obesidade de 28% em crianças e 26% em adultos.
O achado utilizou dados da Pesquisa
Nacional de Dieta e Nutrição do Reino Unido e pode ser mais um motivo de
pressão para que a indústria alimentícia reduza a concentração do mineral em
seus produtos.
Inimigo
refinado
Como explica Barakat, o perigo do sal
branco está em sua composição. A versão industrial que é consumida na forma
refinada é enriquecida com aditivos químicos para evitar sua liquefação e
formação de pedras. Esses elementos acabam com as propriedades nutricionais do sal,
fazendo com que ele apresente apenas o cloreto de sódio, além de serem nocivos
para a saúde. Versões naturais como sal rosa, marinho ou mesmo o grosso ainda
são extremamente saudáveis e ricas.
“O processo industrial faz esse produto
ficar carregado com uma grande quantidade de cloreto de sódio, substância sem
valor nutricional nenhum que só tem a função de salgar a comida e não ajuda de
maneira nenhuma. Na verdade, esse excesso aumenta o sódio em nosso organismo e,
junto com a pressão, ainda aumenta a sede e a vontade de ingerir doces,
dificultando a vida de quem quer manter uma alimentação saudável”, revela.
Encontrando
um substituto
Segundo o endocrinologista, o uso
indiscriminado do sal refinado ainda é responsável pela criação de um hábito
alimentar prejudicial. “As crianças são alimentadas com salgadinhos e outras
comidas salgadas e acabam se tornando adultos que não conseguem fazer uma
refeição sem desgrudar do saleiro”, diz.
Isso potencializa ainda mais os riscos para
a saúde e até mesmo os gastos do sistema de saúde com doenças crônicas e
cardiovasculares, cada vez mais comuns em uma população adoecida.
“O problema não é o sal em si, mas seu
refinamento. Existem opções saudáveis como o sal rosa, sal marinho ou até mesmo
o sal grosso. Nenhum deles passa pelo processo industrial e mantém todas as
suas propriedades nutritivas, como diversos outros minerais, sem deixar de ser
delicioso. É uma troca simples e extremamente benéfica, fundamental para quem
quer manter a saúde em dia”, finaliza Barakat.
Comentários
Postar um comentário