Aleitamento Materno: 10 mitos e fatos da amamentação
Durante Semana Mundial do Aleitamento Materno1 a 7 de agosto,
especialista esclarece dúvidas mais comuns das mulheres, como produção do leite
e o período mais adequado para uma nova gravidez
Amamentar é um ato de amor,
favorece o vínculo com seu bebê, facilita o desenvolvimento emocional,
cognitivo e do sistema nervoso. Os benefícios do aleitamento materno são
inúmeros, mas, este também, é um desafio e tanto nas primeiras semanas. Algumas
mulheres têm dificuldade para acertar a posição correta da mamada, outras com
relação à “pega” do bebê e há aquelas que podem sentir um desconforto. Enfim,
essa fase traz uma série de questionamentos, inseguranças que são, muitas
vezes, rodeados também de muitos mitos que passam de geração para geração. Em
agosto, mês da Semana Mundial do Aleitamento Materno, esses temas ficam ainda
mais em evidência. Para ajudar a mulher e família a conquistar a confiança
necessária para o sucesso na amamentação, o Dr. Achilles Cruz, especialista em
ginecologia e obstetrícia pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina
da USP, esclarece algumas dúvidas mais frequentes.
Amamentar dói.
Nem mito, nem fato. Vai depender de uma série de fatores como
sensibilidade da mãe, se o bebê suga o peito da forma correta, estado emocional
da mulher, entre outros. Normalmente, a mulher não sente nenhuma dor. É
importante observar se o bebê abocanha a aréola e não somente o mamilo (bico).
É nessa região que ficam os bolsões de leite. Dessa forma, evita-se as
rachaduras que provocam dor durante as mamadas.
Seio pequeno não produz
leite.
Mito. O tamanho do seio não tem influência nenhuma no sucesso
da amamentação! O que faz a diferença no tamanho dos seios não é a
quantidade de glândulas, mas a quantidade de gordura de cada mama. As células
produtoras (glândulas mamárias) e os ductos de leite são os mesmos em todas as
mulheres, até mesmo naquelas que fizeram cirurgia plástica para colocar prótese
de silicone. Só no caso de cirurgias redutoras é que este número pode ser
reduzido. É mito associar tamanho de seio com fartura de leite. O
processo de produção do leite começa durante a gravidez quando o tecido
glandular já começa a ser preparado. Por isso, os seios vão ficando maiores
principalmente no final da gestação. Após o parto, a resposta hormonal estimula
as glândulas mamárias a produzir o leite e a conduzi-lo por meio dos seios até
o bico para que o bebê possa mamar. A produção aumenta gradativamente. Assim, a
quantidade de leite que seu filho vai receber depende das suas próprias
necessidades, e de quanto a mama seja estimulada adequadamente. Quanto mais ele
sugar, mais leite será produzido.
Amamentar é um ótimo anticoncepcional.
Mito.
Algumas mulheres podem voltar a ovular mesmo no período da amamentação quando o
ciclo menstrual está bloqueado devido à supressão dos hormônios. E para que
funcione é necessário que a amamentação seja exclusiva com as mamadas muito
frequentes, com curtos intervalos entre uma e outra. Como esta rotina não é
para todas, o ideal é que ela já comece a adotar algum tipo de método
contraceptivo a partir da sexta semana após o parto. Logo no primeiro retorno
ao ginecologista, o ideal é que a mãe converse sobre o método mais adequado
para evitar uma nova gravidez em pouco tempo. Ele irá orientá-la sobre o uso de
camisinha, DIU, implantes ou até mesmo as pílulas de progestagênio, que são as
mais indicadas para esse período.
A mulher que está amamentando pode tomar qualquer tipo de pílula.
A mulher que está amamentando pode tomar qualquer tipo de pílula.
Mito. Existe uma pílula
anticoncepcional desenvolvida especialmente para as mamães que estão
amamentando. São compostas de progestagênio, hormônio que inibe a ovulação.
Conhecidas como minipílulas, elas podem ser tomadas a partir da sexta semana
depois do parto. Como são livres de estrogênio, não inibem a produção de leite
materno nem tampouco interferem na sua qualidade e volume. Outro benefício é
que seu princípio ativo não passa para o leite, não alterando seu gosto ou
qualidade. E, então, a mulher terá segurança dupla. Primeiro quanto ao seu
filho e depois com uma nova gestação durante essa fase. Segundo o médico, as
mulheres que estão amamentando não podem usar as pílulas comuns,
chamadas hormonais combinadas, porque podem diminuir a quantidade do leite além
de transferir o hormônio feminino para ele e, consequentemente, para a criança.
Engravidar enquanto está amamentando é benéfico.
Engravidar enquanto está amamentando é benéfico.
Mito.
Não existe um intervalo estabelecido entre uma gravidez e outra, porém, é aconselhável
que a mulher não engravide enquanto estiver amamentando, porque a sobrecarga da
amamentação somada a uma nova gestação pode comprometer a saúde da mãe, caso
ela não tenha uma condição nutricional adequada.
A alimentação da mãe influencia o leite.
A alimentação da mãe influencia o leite.
Fato.
Tudo o que a mãe come acaba passando para o leite materno. Por isso, é
importante que a mulher faça uma dieta saudável e beba bastante líquido nesse
período. O consumo de bebidas alcoólicas ou cigarros é contraindicado.
Medicamentos, por exemplo, só devem ser tomados com orientação médica.
O leite materno pode ser fraco.
O leite materno pode ser fraco.
Mito. De acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria,
muitas mulheres têm essa percepção porque comparam seu leite ao da vaca que é
mais denso e consistente, tem moléculas maiores e sua digestão é bem mais
lenta. O leite materno tem 97% de água e, por isso, é facilmente digerido e
logo o bebê sente fome novamente. Além disso, o leite humano é composto por
células vivas que transferem para o bebê a imunidade materna aos agentes
infecciosos. Os glóbulos brancos presentes nele levam os anticorpos da mãe para
o filho. O que poucas mulheres sabem é que quando o bebê começa a sugar, o
leite materno tem maior concentração de água mesmo, é normal, é chamado de
“anterior”. Nessa fase, ele contém ainda vitaminas, minerais e anticorpos. Após
um tempinho de mamada, começa a descer o leite que chamamos de “posterior”, que
é mais rico em gordura, que fornece mais energia e permite que o bebê fique
satisfeito e ganhe peso. Por isso, a recomendação é que a mãe ofereça um seio
por mamada, ou seja, que a mamada não seja interrompida até que o bebê consiga
ingerir bastante quantidade do leite posterior, que tem mais gordura. Somente
depois de esvaziar uma mama, se necessário, o outro seio deve ser oferecido, o
que normalmente com bebês maiores, que já mamam muito. Desse jeito você garante
que o bebê retire do peito o leite anterior, rico em água, e o posterior, rico
em gordura.
8 Na
volta ao trabalho, o leite seca.
Nem
mito, nem fato. Caso a mulher consiga fazer a ordenha no trabalho e guardar
na geladeira, ou ainda sair para amamentar o bebê durante o expediente, a
produção de leite vai se manter inalterada. Muitas empresas possuem um espaço
privativo para realizar a ordenha e uma geladeira para armazenar o leite. E,
quando estiver com o filho em casa, antes ou depois do trabalho, deve oferecer
o leite em livre demanda, ou seja, por quanto tempo o bebê quiser. As mamadas
noturnas podem ser cansativas, mas são fundamentais para manter uma boa
produção de leite materno, pois é a hora de maior liberação da prolactina,
hormônio que controla a produção do leite humano.
9 Prótese de silicone atrapalha a amamentação.
Mito. Com
as técnicas atuais de colocação de próteses mamárias, geralmente não, mas
dependendo da técnica pode atrapalhar a amamentação por interferir na
quantidade e na saída/retirada do leite, mas não na qualidade dele.
Estresse e nervosismo
atrapalham a produção de leite.
Fato.
Quando a mulher está muito cansada ou ansiosa, a produção do hormônio
ocitocina, que é o responsável pela vasão do leite, é reduzida. O que pode
prejudicar a descida do leite, e em casos graves até secar o leite!
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